terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Vou Vortá - Patativa do Assaré


Vou Vortá- Patativa do Assaré

 

Vou vortá pro meu sertão

Não posso me acostumar

Com o grande rebuliço das ruas da capital:

Vem um carro em minha frente,

De pressa, de repente,

Já vem outro por detrás...

É uma coisa sem soma

E o fôlego que agente toma

É só catinga de galho

 

 

Eu não gostei do rejume da vida da capital

 

Eu aqui só gostei muito do mar!

 

Deste grande mar

Que grande poço pai d´égua!

Ele tem légua e mais légua

Agente só sabe é vendo

Veve a roncar com orgulho

De longe se oiço o barulho

Das águas se arremexendo

 

Aquilo é que é ser bonito!

Eta marzão colossal!

Não goza nada da vida quem morre sem ver o mar

Eu atarentado fico em ver aquele fuxico

A zuada da maré, aquela grande peleja

O mar tem o que quer que seja

Que só Deus sabe o que é.

 

Vi o mar, volto contente

A viagem não perdi.

Ele fez eu me lembrar

Lá dos campos onde eu nasci

 

Vendo a verdura das águas

Uma saudade, uma mágoa

Dentro do meu coração

Como lanceta furou:

Essas águas tem a cor das matas do meu sertão.